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O mau do político

O mau do político não é ser mau, afinal ser político não é de todo mau, principalmente se você for o político, pois não sofrerá do mau que sua má atuação pode causar para quem te vê como mau.

O mau do político é não ser direto e justo. Sabe a palavra sinceridade? No Dicionário Houaiss, ela é descrita como ‘qualidade, estado ou condição do que é sincero; franqueza, lisura de caráter. E sincero é um adjetivo definido como ‘que se exprime sem artifício nem intenção de disfarçar seu pensamento ou sentimento, isento de dissimulação, em quem se pode confiar, verdadeiro, leal’.

Pronto! Em dois parágrafos, é isso o que falta na política hoje. Eu me considero politizado, gosto de assistir aos debates e até o criticado horário eleitoral gratuito. Vibro com as respostas, gosto de ver a preparação dos candidatos, coisa de maluco mesmo. E, grande parte daqueles que são ‘apolíticos’ (nem sei se esta palavra existe) junta todos os políticos em um mesmo pacote: a caixinha dos que não prestam, os ladrões!

Assistindo às entrevistas dos candidatos à presidência da República no Jornal Nacional desta semana (até agora, só foram entrevistados o tucano Aécio Neves e Eduardo Campos, morto em um trágico acidente de avião na manhã de hoje), entendi o porquê meus amigos não têm paciência com políticos.

Falta-lhes um mínimo de franqueza. Aécio está envolvido em uma embaraçosa história de um aeroporto construído ao lado da fazenda de um familiar seu. Alega que não recebeu nada em troca, que sua família não recebeu um tostão até hoje, mas é, no mínimo, constrangedor você fazer uma obra deste porte bem ao lado de uma propriedade que pertence a um ente querido seu.

A pergunta de Willian Bonner resume a questão: “O que vale mais: uma fazenda sem um aeroporto ao lado ou uma fazenda com um aeroporto ao lado?”

E o que falta, no meu pouco conhecimento político, é um mínimo de franqueza. Se não houve má intenção, assuma que a execução foi um erro, seja humilde de reconhecer. O ser humano tem uma tendência a não gostar de pessoas arrogantes, que nunca assumem seus erros. Ao contrário, quando alguém é humilde para reconhecer suas falhas, tende a ser mais simpático e mais próximo de nós, reles mortais.

Eduardo Campos, por sua vez, também foi apertado pelo fato de sua mãe, a ministra Ana Arraes, integrar o Tribunal de Contas da União (TCU). Candidato à presidência, Campos corria o risco de ter as contas fiscalizadas por sua genitora se fosse eleito. O problema era que ele apoiou (é lógico) a indicação e eleição de sua mãe como governador de Pernambuco, usando do seu prestígio e posição.

Hoje, a vidraça da presidenta Dilma Rousseff será testada. E é bem provável que siga o caminho dos dois entrevistados, ou seja, ‘saia pela tangente’, ou à la Leão da Montanha, ‘saída pela esquerda’.

Em resumo, o que nós, população, esperamos de vocês, políticos, não são propostas elaboradas e engenhosas, nem muito menos populistas. Esperamos apenas sinceridade, o que aproxima os seres humanos e os torna cada vez mais iguais.

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